ADEUS A MAURO DOS PRAZERES - PICASSO EM QUADRINHOS


(Sidney Gusman)
http://www.universohq.com/quadrinhos/2012/n08022012_01.cfm
"Mais uma notícia ruim para o mercado brasileiro de quadrinhos: no dia 7 de fevereiro, a Devir Livraria divulgou, nas redes sociais Twitter e Facebook, que faleceu Mauro Martinez dos Prazeres, um dos sócios fundadores da empresa. Ele tinha 55 anos e foi vítima de problemas cardíacos.
Mauro era um nome forte dos mercados de quadrinhos e de RPG, desde que, em 1987, ajudou a criar a Devir, que começou como importadora de revistas importadas de HQ e virou uma das editoras com mais autores nacionais em seu catálogo.
Grande conhecedor de quadrinhos, Mauro também chegou a escrever artigos sobre o tema para revistas e jornais e foi fundamental para que a revista Sandman, que estava prestes a ser cancelada pela Globo, ganhasse fôlego extra e chegasse ao final, tempos depois, graças a uma coedição com a Devir."

(Lady Nottingham)
http://metagamers.com.br/2012/02/o-tributo-a-mauro-dos-prazeres
"Se você é brasileiro e lê HQ, provavelmente sabe quem é Mauro dos Prazeres. Se você é brasileiro e joga RPG, talvez não saiba quem ele é, mas… caramba, deveria. Mauro se foi hoje, talvez ontem. Seguiu seu devir. Este é só o tributo.
Pegue aí qualquer HQ publicada pela Devir e você verá, escrito no alto da página de créditos: "Publisher: Mauro dos Prazeres". Mauro é uma das quatro pessoas que fundaram a Devir Livraria Ltda. há mais de 20 anos. É um dos caras que, cansados da tensão de trabalhar numa grande empresa nos moldes mais desumanos do corporativismo, resolveram jogar tudo pro alto e abrir uma livraria e editora para passarem o resto de suas vidas importando, distribuindo e publicando o que eles adoravam ler.
Quadrinhos, ficção especulativa e, mais tarde, RPG.
Mauro é o cara que estava lá naquela festa de aniversário do Caco em 1998 (eu acho), bebendo uma cervejinha e batendo um papo animado com Dudu Ricón, quando esta menina desbocada, então com 20 e poucos anos, se meteu na conversa para espinafrar o irmão dele. E o Mauro tomou-lhe as dores e se enfezou com a menina. Uma hora depois, já tinha esquecido o perrengue e perguntava ao Caco onde ele tinha encontrado aquela moça que sabia que Watchmen não era a melhor HQ de todos os tempos, mas tão-somente a melhor HQ de super-heróis já escrita.
Esse Mauro é um contador de causos, e dos bons. Transforma qualquer coisa numa história deliciosa. Ri alto, ri gostoso. Sobe ao palco para receber mais um Prêmio HQ Mix, geralmente o terceiro da noite, e, não tendo mais a quem agradecer, apanha o microfone mesmo assim e conta como foi que Will Eisner inventou a expressão romance gráfico.
É o publisher que me desafia. "Nós vamos conseguir fazer uma capa deslumbrante como essa aí do Mage: the Awakening?" É o cara que vira para o Mike Pondsmith, autor de Castelo Falkenstein, e faz a analogia exata para explicar ao norte-americano, acostumado com o mercantilismo da GenCon, por que a Devir bancava o Encontro Internacional de RPG: "Não somos uma empresa, somos uma ONG".
Mauro é o torcedor do Santos Futebol Clube, o trekkie, o xcer, o b5er que entra no departamento editorial nas horas mortas do expediente à procura de alguém com quem conversar sobre Heroes e Battlestar Galactica. É o cara que lê Herman Hesse e devora revistas de divulgação científica. O maluco que adora uma teoria da conspiração, o cara que olha para a capa de Vampiro: a Máscara e enxerga relações fantásticas com uma iconografia quase desconhecida.
É o cara que volta de uma viagem longa na segunda-feira e vai direto do aeroporto para o trabalho, com malas e tudo. É a figura alta e de ombros arqueados que topa comigo na entrada da editora, me olha nos olhos, faz um gesto rápido com a cabeça e diz: "Madame". Com a pronúncia francesa. Eu subo a escadaria rindo comigo mesma e, pensando: "Só o Mauro para me chamar de madame". E, na hora do almoço, quando ele passa por mim e repete o gesto e a forma de tratamento, eu volto a sorrir, como se fosse novidade. Vou embora, dizendo comigo mesma que, da próxima vez, vou retribuir com um "monsieur" só para ver a reação dele.
Hoje, 7 de fevereiro de 2012, dois grandes amigos do Mauro vieram nos contar que algo que eles só podiam considerar uma tragédia havia acontecido.
Mauro dos Prazeres foi encontrado morto esta manhã."

(Nick Farewell)
"As pessoas prestavam as últimas homenagens ao Mauro. Enquanto elas falavam, eu queria ter dito: "Mauro me fez ler um livro. Orador dos Mortos. Nele as mais diferentes pessoas contavam como era a sua relação com quem partiu. E o orador compunha a sua história de vida a partir dos relatos das pessoas. É isso que está sendo feito. O Mauro teria gostado." Mas não disse. Quando a Carol, a filha do Mauro, disse sobre como era importante as lições que ele deixou, queria ter dito: "Eu ia dizer ao Mauro que no novo livro, transcrevi vários diálogos que tivemos." Mas também não disse. Por fim, o Matheus, filho do Mauro, leu o e-mail que o Mauro tinha me mandado. De repente tudo veio a tona. Ele estava falando da minha vida. Mauro estava falando da vida de todos ali presente. Sobre continuar. Sobre a beleza da busca. Então entendi que a voz do Matheus era a minha voz. Ao me despedir em definitivo, compreendi também porque não tinha dito nada. Segurei a mão no Mauro pela última vez e disse: "eu sei que você sabe."
Outra coisa para não esquecer. O Douglas (meu editor e sócio do Mauro desde que fundou a Devir) que estava tanto anestesiado quanto eu, disse na despedida: "não vai parar, hein?" Não, não vou parar."

Mauro dos Prazeres:
"O mundo do futuro não será um mundo necessariamente tecnológico, pois creio que, inclusive e paradoxalmente, muitos tentarão utilizar sua liberdade para diminuir seu próprio grau de dependência dos processos tecnológicos.
Penso que a única coisa certa que se pode dizer é que já temos hoje muito mais liberdade do que tínhamos há trinta anos, e que o futuro, por enquanto, continua apontando na direção de mais liberdade.
Um mundo de pessoas cada vez mais livres. Como será??
Penso que será muito mais humano, pois o homem terá mais espaço para permitir que sua natureza venha à tona.
O ser humano tem duas faces, uma terrível; outra, sublime. Penso que esse novo mundo, esse mundo humano, será mais terrível e sublime simultaneamente. Será um mundo onde nossos sonhos e pesadelos terão mais oportunidades de se manifestar e, talvez, os jovens que desde meninos tenham aprendido a criar e produzir ficção estejam mais preparados para enfrentá-lo."

PICASSO EM QUADRINHOS

http://universohq.com/quadrinhos/2012/n08022012_01.cfm
(Dica do Blog Gibiteca)
http://portuguese.ruvr.ru/2012/02/05/65364743.html
"Os primeiros anos de Pablo Picasso em Paris, impregnados em bohémia, mulheres, tragédia e pincéis, chegam às livrarias francesas com uma série de quatro volumes de histórias em quadrinhos cujos autores são o desenhista Clément Oubrerie e a roteirista Julie Birmant.
A obra gráfica, editada pela Dargaud e que retrata as vivências do pintor entre 1900 e 1912, começa com "Pablo 1. Max Jacob", comenta a Efe, e recupera as lembranças de Fernande Oliver, a modelo que posava para os artistas instalados em Paris e que foi o primeiro grande amor de Picasso (1881-1973)."
http://www.oubrerie.net/

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