Edição de 40 anos do Salão de Humor vai ter maior mostra com 442 trabalhos
Em maior quantidade estão os cartuns, 142, seguidos de 97 caricaturas, 74 charges e 73 tiras/histórias em quadrinhos. Para a categoria temática (futebol) serão expostos 56 trabalhos. Em 2013, o Salão de Humor recebeu recorde de inscritos, 4.180 obras, enviadas por 966 artistas de 64 países.
Integraram a comissão de seleção profissionais experientes em Salões de Humor. São eles os cartunistas Pryscila Vieira, Natália Forcat, Gilmar Machado Barbosa, Paulo Branco e Lucas Leibholz, o ilustrador Rafael de Latorre, e o professor universitário Celso Figueiredo Neto.
Na avaliação do cartunista Eduardo Grosso, a comissão de seleção foi coerente no processo de seleção. “O júri privilegiou obras com piadas genuínas, engraçadas, inéditas e com excelente nível técnico. Será uma mostra acessível, com um humor mais próximo do público”, avaliou Eduardo, que é diretor do Centro Nacional de Humor Gráfico de Piracicaba, órgão da Secretaria Municipal da Ação Cultural responsável pelo evento.
Os trabalhos na categoria charge confirmam o caráter político do salão, criado em plena ditadura, em 1974, e que até os dias atuais conserva o humor como forma de reflexão. Entre os temas abordados estão os recentes protestos no país com o lema Vem pra rua, a denúncia do programa de espionagem dos EUA por Edward Snowden e as redes sociais. Também foram recorrentes piadas com conotações sexuais, entre elas as que abordam os relacionamentos homoafetivos e a cura gay.
Celebridades brasileiras e gringas do cenário político tiveram seus traços distorcidos nas caricaturas, como os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff, o ministro Joaquim Barbosa e a ex-ministra Marina Silva. Do universo musical o júri contemplou obras que retratam Dominguinhos, Roberto Carlos, Michael Jackson, Lobão e Caetano Veloso, além de figuras como o papa Francisco, Fernanda Montenegro, José Saramago, Ronaldinho Gaúcho, Messi, Neymar e Pelé.
Nos cartuns, categoria que tradicionalmente recebe boa parte de trabalhos internacionais, os artistas criticaram problemas ligados à supremacia norte-americana, religião, meio-ambiente e consumismo.
ANÁLISE – Desde jovem frequentando o Salão de Humor, Gilmar Machado Barbosa citou a contribuição de Piracicaba para as artes gráficas. “No Brasil, os salões de humor respiram por aparelhos hoje. Mas o Salão de Piracicaba se mantém sempre ativo e mantendo recordes”, avaliou o cartunista, ao reforçar que a abertura do Salão faz parte da tradição dos artistas.
Para Pryscila Vieira, o Salão até hoje é uma grande vitrine para os novos talentos do humor. “Piracicaba é determinante na trajetória profissional de muitos artistas. Comecei a enviar trabalhos na 24a edição e foi aqui que decidi assinar como cartunista, porque até então me considerava uma designer, por ser formada em desenho industrial”, disse.
Para o cartunista piracicabano Lucas Leibholz, que recebeu na edição passada uma menção-honrosa pelo desenho do papa Bento 16, a soma de vários fatores mantêm a excelência da mostra. “É um Salão antenado, que consegue cativar e atrair novos artistas sem perder a tradição, os laços com o passado”, classificou, ao elogiar a qualidade dos trabalhos inscritos.
JÚRI DE PREMIAÇÃO – Presidida pelo jornalista e publicitário Carlos Colonese, a edição de 40 anos do Salão irá conceder R$ 47 mil em prêmios aos classificados em primeiro lugar. A escolha fica por conta da comissão de premiação, que se reúne em 17 de agosto. São eles a argentina Marlene Pohle, os portugueses Carlos Brito e Antônio Moreira Antunes, e os brasileiros Luciano Magno, Roberto Negreiros Faria Junior, Ciça Alves Pinto e Zélio Alves Pinto.
A geografia do Salão de Humor em 2013 é extensa. Leia-se: o evento registrou inscrições de todos os Estados brasileiros e de países membros e associados ao Mercosul (Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela). Do continente Norte-Americano estão México, Estados Unidos e Canadá.
A Europa também se fez presente com trabalhos da Alemanha, Áustria, Albânia, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Finlândia, França, Holanda, Hungria, República Tcheca, Itália, Lituânia, Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido e Suécia. Artistas do continente mais isolado do mundo – Oceania – enviaram obras da Austrália e Nova Zelândia. O humor da Rússia se faz presente e também de seus países vizinhos, como Azerbaijão, Cazaquistão, China e Uzbequistão.
Tradicionalmente, o Salão recebeu ainda inscrições de países de culturas mais conservadoras, como Armênia, Bósnia, Herzegovina, Costa Rica, Cuba, Egito, El Salvador, Emirados Árabes, Eslováquia, Eslovênia, Índia, Indonésia, Irã, Israel, Japão, Macedônia, Montenegro, Myanmar, Nigéria, Paquistão, Quênia, Sérvia, Sudão, Turquia e Ucrânia.
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