1º Encontro Estúdio Ely Barbosa
Evento criado por Eliete Barbosa para o Clube do Ely Barbosa no Facebook.
http://www.facebook.com/event.php?eid=248457985196061
Encontro dos ex-funcionários/colaboradores do Estúdio Ely Barbosa para relembrar tempos divertidos e contar muitas histórias!
DIA
8 de outubro de 2011 (sábado)
Das 18h00 as 21h00
Se tiver alguma "relíquia", leve.
LOCAL
Antigo Estúdio Ely Barbosa - Atual Estúdio Plug & Play
Avenida Indianópolis, 1337, Planalto Paulista
São Paulo
ELY BARBOSA
Homenagem no flog Art3-Xpresion
http://www.fotolog.com.br/art3_xpresion/73386483
Ely Barbosa e Parisotto: Um depoimento
24/04/2011
(por Edson Parisotto)
"Era meados de outono de 1977. Mal acabara de fazer 14 anos quando me deparei com uma nova HQ dependurada em minha rotineira banca de jornais e revistas. Era um raríssimo lançamento de um título nacional e aquele fevereiro iria causar um forte impacto em minha vida para sempre. A número 1 de "CACÁ e sua turma" com o selo da Editora Abril custando 5 Cruzeiros (Cr$ 5,00) trazia a assinatura do até então desconhecido para mim Ely Barbosa. No trajeto de volta para casa a revista foi completamente absorvida. Depois disso foi relida inúmeras vezes até se perder na poeira o tempo. Mas a impressão causada se impreguinou em mim como tatuagem.
Ansioso pelo número 2, sem saber que a edição era bimestral, alguns dias depois fui para a Escola Marechal José Marcelino da Fonseca, no Barro Branco, zona norte de São Paulo, onde cursava o "ginasial". Aluno displicente perdia explicações dos mestres desenhando personagens de quadrinhos e desenhos animados. Uma de minhas pacientes mestras era Edith Mariz Omar, professora de... Desenho. A teia do destino estava sendo tecida ali. Edith me chama a sua mesa e ao invés do rotineiro sermão pelos meus relapsos sou convidado a visitar o estúdio do artista Ely Barbosa para uma entrevista de emprego. Estupefato, no dia seguinte, atravesso a cidade de metrô, desço na estação São Judas, pego um ônibus e desembarco na Avenida Ceci. O Estúdio era nos fundos de uma adega, o primeiro de três sobrados cujo aceso era por um corredor lateral à loja de bebidas. Parecia que eu estava entrando em outro mundo.
Fui recebido pelo próprio Ely Barbosa. Não havia mais ninguém naquela hora. Ely avaliou meus desenhos e me contratou. Como office-boy, o que causou certa decepção naquele imberbe aspirante a quadrinista. Destes dias guardo boas memórias. Conheci grandes profissionais como o Mingo, o Gerson, o Vila, o Carlinhos, o Waldyr, o Cidão entre outros. Conheci a maravilhosa família do Ely, a sempre dedicada dona Terezinha, a linda filha mais velha Eliete, o irriquieto Otávio que o Ely chamava de Tavinho e a caçulinha Lili que só muito mais tarde descobri que na verdade seu nome era Mareliz.
Minha primeira tarefa "artística" foi pintar os acetatos de parte da cena em que o personagem Nenê dança no famoso desenho animado para o comercial da DDDRin. Isso me encheria de orgulho vida afora. Numa dessas horas vagas em que ficava vagando pelo estúdio da Avenida Ceci escrevi uma história em quadrinhos com meus personagens preferidos: os Incríveis Amendoins. Na história um serelepe sobrinho do Capitão é apresentado como um novo recruta seu protegido. Os soldados amendoins eram desenhados com três grãos e o nanico Capitão com dois grãos, então desenhei o sobrinho como uma bolinha de um grão só e o chamei de Paçoquinha. Nunca amei tanto um personagem como esse em toda minha vida. Paçoquinha era meu primeiro alterego.
Então veio um turbilhão. A Roda Viva me arrastou para longe e destroçou aquele meu caminho. Fui jogado de um lado para outro sem saber a que vim. De vez em quando visitava o estúdio, já na Avenida Indianópolis onde continuei a trabalhar após a mudança da Avenida Ceci, e, inclusive, o novo estúdio na mesma Avenida Indianópolis onde o Ely se fixou até ele próprio partir. Ensaiava uma volta que nunca acontecia. Mas, pelo menos, me mantinha informado da evolução do estúdio. Contudo, um dia o afastamento foi extremamente longo.
Em finais do derradeiro ano 2000, no apagar das luzes do século XX eu senti forte desassossego ao lembrar, entre tantas outras vezes, de meu mestre Ely Barbosa. Havia muito não tinha notícia alguma. Não percebia mais nenhum trabalho seu na mídia e esta constatação me causou profunda inquietação. Localizei o telefone da casa do Ely no site da telefônica num sábado a tarde e liguei. Ely me atendeu. Identifiquei-me como o pai do Paçoquinha e fui imediatamente reconhecido e saudado. Com sua costumeira vivacidade, Ely me contou que estava iniciando um trabalho para o Baú da Felicidade num resgate aos disquinhos de historinhas de sua autoria para o mesmo Baú nos anos 70. Contei a ele que agora eu era programador e desenvolvia projetos de multimídia em cd-rom e internet e, empolgado, Ely me convida a revisitar o estúdio.
A partir daí passamos a ter uma incrível relação de amizade onde Ely me confiou muitas passagens de sua vida. Meu mestre se tornara meu grande amigo. Fizemos alguns projetos digitais juntos e foi por essa época que desenvolvi seu site pessoal que hoje só restou o backup do esboço, um layout que apresentei ao Ely e que hoje disponibilizo no link www.parisotto.net/sites/ely para apreciação dos fãs.
Com minha mudança para Itanhaém acontece um novo afastamento pouco antes de sua doença se agravar. Em 18 de dezembro de 2006 fiz minha última visita ao Ely em sua casa acompanhado de minha família. Falávamos-nos muito por e-mail e me impressionava ver o quanto Ely ainda lutava para por em prática seus projetos ainda que sua situação não permitisse. Passado pouco mais de mês depois desta visita, recebo um e-mail da Lili, convidando para a missa de sétimo dia de Ely Barbosa. Fomos prestar esta homenagem ao mestre e amigo que encheu minha cabeça de sonhos e projetos gostosos de apreciar.
Em 19 de janeiro de 2007, partiu um gigante que aqueceu durante anos a imaginação de tantas criancinhas e marmanjões com suas impressionantes criações, um cachorrinho alaranjado sempre com a língua de fora, crianças com fantasias de onça e de coelho, um Nenê cujos amigos coelhos eram uma Fofura, alguns moleques com camisa de times de futebol, frutas vivas que saltavam, cantavam e divertiam, patricinhas, um exército de amendoins... Então, pela primeira vez, Ely, Paçoquinha chorou.
Esta página é em sua homenagem. Para que todos se lembrem de sua passagem e para os mais novos se deliciarem com seu legado."
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